Caminhada em Som e Escuta
VIVÊNCIA CAMINHADA EM SOM E ESCUTA
- Eu escuto, logo, eu som! -
A escuta inicia-se com os ouvidos voltados para dentro. Se uma pessoa não se escuta, ela não terá os ouvidos abertos para escutar nada mais, exceto a sua própria surdez. Escutar então, se constitui como um estado de profunda conexão com si mesmo. E a partir daí com o outro, com a vida em torno desta pessoa e com todo o mundo.
É ainda um estado de prontidão dedicado àquele que está adiante. Quando a importância de testemunhar a sua existência impera sobre o desassossego da correção. Na escuta profunda não há certo, nem errado; nem gosto ou não gosto. Há apenas escuta. Isso basta! Porém, não conseguimos escutar a outrem senão quando já nos escutamos de modo suficiente para sobrar espaços. Do contrário, de tão negligenciado, o nosso imo clama por atenção e autofagicamente rouba todos os espaços vazios deixando tudo barulhento. É preciso de espaços para escutar. Quem está demasiado cheio não tem ouvidos.
Um dia alguém tirou retrato da escuta e se deparou com o sorriso de uma parteira recolhendo amorosamente o choro nascituro e para quem lhe dizia: "Sê bem vindo!". A escuta deve ser o oposto do preconceito. É o esvaziamento mais amplo do conhecimento prévio. Ao escutar, não se preocupe em aprender ou ensinar. Aliás, é necessário não saber de nada para verdadeiramente escutar. Pois se já sabemos, implacavelmente escutaremos apenas o som da nossa palavra e então estaremos sozinhos. Só é possível escutar, se se estiver inteiro. Impossível escutar em fragmentos.
A escuta exige que todos os órgãos estejam afinados em uma mesma sinfonia. Caminhar em som e escuta, é também a caminhada de toda vida. Escutamos! E ao escutar o que há em nós e no nosso entorno, devolvemos as nossas reverberações à vida vibrando sonoridades de emoções, pensamentos e ações. Só é possível escutar, se houver silêncio. Sem isso se perde o som essencial que há em nós, e que é também o mais puro silêncio. O som é, em sua pureza, um silêncio que se ouve alto! Quando alguém se sente escutada, ela também se escuta e aprende com a própria palavra. A informação subjacente ao diálogo quando há escuta, é:
"Eu me importo com você!";
"Você é importante para mim!"
Eu escuto, logo, eu som!